Os 17 ODS e a Engenharia Civil

Como forma de garantir um futuro mais digno e próspero para o mundo inteiro, em 2015 a ONU estabeleceu 17 Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável. Diversas áreas e empresas tomaram para si missões alinhadas a eles, e para nós não é diferente. Os 17 ODS e a Engenharia Civil andam lado a lado, e aos poucos a área está evoluindo para se tornar mais acessível e ecológica.

O surgimento dos ODS

Em 2000, a ONU se reuniu e, com o apoio de 191 nações, traçou 8 Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, 8 metas a longo prazo para serem trabalhadas pelo mundo em união entre os países.

A partir delas, em 2015 foram traçados 17 objetivos como forma de auxiliar os governantes a alcançarem os ODM. A criação dos 17 ODS foi um marco, desde cedo as escolas fazem iniciativas para as crianças aprenderem sobre eles, corporações baseiam suas ações a partir delas, incontáveis grupos de voluntários surgiram com um objetivo em comum e o desenvolvimento científico em instituições de ensino superior ganhou esta nova lupa a ser utilizada globalmente.

Quais são os ODS:

Os 17 ODS e a Engenharia Civil

Os 17 ODS

Estes objetivos convertem para um foco: melhorar a vida das pessoas em todos os lugares. São decisões voltadas para o bem estar global a fim de um futuro com melhores relações sociais e econômicas, com metas contra a pobreza, e com o meio, através da sustentabilidade. Para isso, como forma de medir os resultados, foi colocado um marco em 2030 (daí o nome alternativo de Agenda 30).

A expectativa é que, com essas metas seja possível encontrar melhores condições em todo planeta, mas para isso é necessária participação de todos os setores. Para chegar nos 17 ODS a Engenharia Civil tem papel fundamental em 2: o 11° e o 12°, mas consegue integrar diretamente alguns outros. Não é preciso dizer, mas toda a abordagem feita pela organização é “apoiada por avanços científicos e tecnológicos na implementação de políticas e ações para a paz e prosperidade das pessoas e para a sobrevivência da vida em todas as suas formas na Terra”.

Assim, no site da biblioteca digital da UNESCO há um documento especificando algumas ações (em inglês) e um resumo (em português) para engenharia no geral. Especificamente para a Civil, e nós do EPEC gostamos de destacar alguns:

Os ODS e a Engenharia Civil

6- Água potável e saneamento

Engenheiros civis e ambientais, através de sistemas de tratamentos de esgoto e organizações de projetos hidrossanitários podem fazer frente na área. Já que a água é o fator base para a manutenção da vida como conhecemos hoje, ela possui um papel fundamental nos ODS. Com ela, devemos cuidar tanto da preservação tano em quantidade quanto em qualidade, para o acesso livre de todos.

Com a rápida, e muitas vezes não planejada, urbanização em países em desenvolvimento vista nos últimos anos, se fazem necessárias medidas para esse Direito Humano. A engenharia vem inovando e reinventando soluções para a infraestrutura física do transporte de água. Assim, ela combina os tradicionais sistemas centralizados com soluções descentralizadas como vasos sanitários sem água e tanques sépticos mais eficientes.

Como os Objetivos são multidisciplinares em sua essência, não temos propriedade para a preservação da flora marinha, mas devemos sim fazer nossa parte. Até mesmo ramos mais novos da engenharia, como a aeroespacial e a computacional contribuem para encontrar perigos no ciclo hídrico. Através de tecnologias de satélite e sensoriamento remoto trabalhando em conjunto com as tracionais, os perigos ao ciclo hídrico estão cada vez mais claros. Com o enfoque a Covid-19, mais uma vez o saneamento se fez destaque nas mídias, mostrando que o tema continua muito atual.

Entretanto, no mesmo relatório, é diagnosticado que mais de 1 bilhões de pessoas ainda carecem de água limpa e 2 bilhões de saneamento básico. Estamos muito longe da meta de 2030 de garantir seu acesso universal (objetivo 6.1), mas podemos ver avanços. Formas novas de drenagem urbana, captação da água da chuva utilizada em larga escala e melhorias na eficiência do consumo de água são provas disto.

7- Energia limpa e 11- Cidades comunicáveis e sustentáveis

Energia limpa e renovável não é um sonho tão distante com o advento das placas solares e turbina eólicas, mas seu uso é pequeno comparativamente. Especialmente no transporte, o uso de combustíveis fósseis é majoritário. Para o sétimo ODS, o Engenheiro Civil e o Arquiteto conseguem fazer integrações em seus projetos como placas de aquecimento de água e telhados verdes, mas é no 11° que eles se destacam.

Cada vez mais a iluminação inteligente é uma tendência em cidades em casas, garantindo economia de energia durante o dia. Casas inteligentes e otimizadas facilitam processos diários com a energia verde. Elementos de tecnologia e paisagem se misturam, tanto no público quanto no privado.

Sistemas de transporte e mobilidade urbana estão cada vez mais seguros e digitais; aliás, estão a um toque. Quando foi a última vez que você olhou o horário de um ônibus sem ser no celular?

Parques públicos e prédios governamentais passam por reformas e revitalizações para evitar patologias e já sabemos seus primeiros sinais antes de aparecerem. Causas humanas em desastres são evitadas com projetos estruturais cada vez mais resistentes. Uma vez que as estruturas estão cada vez mais duráveis, os impactos do tempo e do meio estão cada vez menos desastrosos.

A pavimentação e asfaltamento das ruas está se modernizando, há controle da qualidade do ar e da água e milhares de outros benefícios que não percebemos.

9- Inovação

Muito disso se encontra no 9° ODS. As cidades estão ficando mais inteligentes assim como vias de transportes público em massa tomam seu lugar.

Na construção civil, pré-moldados e lean construction são a tendência. Com matérias modulares e com possibilidade de reutilização, o canteiro de obra vira uma fábrica. Um prédio prossegue seu processo estrutural em um andar ao mesmo tempo em que os abaixo tem seu elétrico iniciado. Cômodos tem paredes não estruturais padronizadas para evitar tempo enquanto calculam exatamente o material sem desperdício. Cronogramas de obras são estudados visando a otimização e deixam de ser físicos para serem virtuais. E agora com o Retrofit, esta tendência não fica limitada à novas edificações.

Alias, mesmo com o CAD ainda sendo predominante, projetos em BIM são a mais forte tendência. Em vez de vários projetos separados, programas permitem trabalhar em 3d em camadas de todos concomitantemente. O processo hidrossanitário não depende de alterar uma parede no projeto estrutural finalizado, pois ele não está finalizado. Os projetos iniciam e terminam juntos, assim gerando comunicação e economia de tempo.

Finalizando

Por fim, poderíamos falar de seu papel como facilitador econômico, ou do planejamento urbano como redutor das desigualdades. Do lean ou de materiais alternativos como produção responsável. De como Empresas Juniores como o EPEC mostram alternativas na prática para complementar uma educação de qualidade.

Só de falar da igualdade de gênero e o avanço das mulheres na área nas últimas décadas poderíamos fazer uma dezena de posts maiores que estes.

Assim se você se interessa pelo assunto, este resumo da UNESCO é uma leitura obrigatória para conhecer mais sobre os 17 ODS e a Engenharia Civil. E sobre as relações com outras Engenharias também. Ainda não traduziram o material na integra, mas pra quem entende inglês, é um material imprescindível!

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